segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A razão de pagarmos impostos


Estamos bem próximos do final do ano e nesta semana surgirão notícias com os valores extremamente altos arrecadados pelos governos, na forma de impostos, taxas e contribuições. Fazendo uma consulta hoje, 26/12/11, ao site do Impostômetro (http://www.impostometro.com.br/) poderemos verificar os seguintes valores arrecadados pelos governos:
  • Brasil (Federação, Estados e Municípios): R$ 1,47 trilhões
  • Sete Lagoas – MG: R$ 531,7 milhões

Apesar de todas as exclamações que podemos ter sobre os valores arrecadados, devemos nos lembrar que o pagamento de impostos é um dever do cidadão e das organizações, para que a vida em sociedade seja possível. Em nenhum momento, estou abordando a qualidade dos gastos públicos realizados pelos nossos governantes, ou mesmo a ausência de esforços concretos deles para a redução das despesas. Estou tratando apenas da obrigação que temos como cidadãos, de cumprir com o pagamento de impostos, de maneira que sejam disponibilizados serviços essenciais como polícia, bombeiro, saúde, educação, bibliotecas e que de obras de infra-estrutura e a manutenção e a conservação de bens públicos sejam realizadas, organizações governamentais sejam mantidas e etc.

Neste mês entrou em vigor aqui na Itália uma série de medidas econômicas para que se combata a crise econômica que vem abatendo o país. Dentro deste pacote, existe uma grande quantidade de medidas contra a “evasão fiscal”. Em outras palavras, contra o não recolhimento de impostos. O motivo disso é claro: o governo tem a necessidade de aumentar a arrecadação para cumprir com os seus compromissos financeiros, porém está se esforçando para não realizar isso somente por meio do aumento de impostos. Aqui na Itália, assim como no Brasil, existem muitos casos de profissionais liberais que realizam os seus serviços sem o recolhimento de impostos, assim como muitas empresas que também o fazem.

Se analisarmos, veremos que uma situação de sonegação é uma culpa conjunta do fornecedor do bem ou serviço, quando sonega, mas também é culpa do comprador, quando não exige a comprovação do recolhimento do imposto, através da exigência do cupom fiscal, ou da nota-fiscal. Ou seja, o comprador neste caso é conivente com a situação. É importante observarmos que a sonegação pode estar em coisas simples das nossas vidas, por exemplo, quando compramos pão e leite, quando cortamos o cabelo ou fazemos algum tratamento de beleza, quando compramos um jornal ou uma revista, etc. Claro que não estou afirmando que todos os comerciantes dos tipos de negócios mencionados procedem com atos de sonegação, mas existem muitos que o fazem. Além disso, podem existir casos em que a legislação tributária brasileira cria alguma exceção, porém a obrigação de quem compra é a de sempre exigir o comprovante fiscal.

O leitor poderia dizer que falta fiscalização. Porém devemos considerar que também a fiscalização é uma despesa adicional aos cofres públicos e o montante a ser gasto para essa finalidade poderia ser usado para outras finalidades úteis na prestação de serviços à população, ou mesmo para a elevação da qualidade dos serviços prestados. Um exemplo gritante é a necessidade que tem a Itália de manter uma polícia financeira, somente para fazer a fiscalização das sonegações. Se as evasões não existissem ou se fossem em um nível bem menor, seria uma grande quantidade de dinheiro que deixaria de ser gasto para a finalidade de fiscalização e que poderia ser aplicado no desenvolvimento do país.

Por fim, cabe adicionar à essa reflexão o fato de que, independentemente da existência de evasão fiscal, as despesas dos governos existem e governos jamais podem deixar de pagar suas dívidas. Dessa maneira, quando a despesa é maior do que a arrecadação, os governos tendem a aumentar os impostos, aumentando a carga em cima das pessoas e organizações que são pagadoras. Portanto, exigir a comprovação fiscal quando realizamos qualquer compra de bem ou de serviço é a nossa ajuda ao governo e mesmo à toda sociedade, para que aumentos de impostos sejam desnecessários.

O programa “Nota Fiscal Paulista”, existente no estado de São Paulo é um bom exemplo de medida em que o governo transforma todo cidadão em fiscal da arrecadação de imposto, pois uma pequena parcela de todo o imposto arrecadado é devolvido ao cidadão na forma de crédito para o abatimento do valor de IPVA a ser pago anualmente. Esse controle é feito por meio do número de CPF do comprador, que é inserido na nota-fiscal.

Caso você concorde com essa idéia, torne-se também um cidadão consciente das obrigações fiscais com a sociedade. Mediante o aumento da arrecadação, poderemos cobrar com mais força os nossos deputados e governos para que reduzam a carga de impostos.

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